DEVOCIONAL DIÁRIO

sábado, 3 de setembro de 2011

A SOBERBA HUMANA


Durante toda a história da humanidade Deus se manifestou no sentido de demonstrar seu poder e domínio sobre todas pessoas e coisas criadas. Essa tentativa sempre se confrontou com a soberba do ser humano, a qual se iniciou efetivamente no Éden, quando o ser criado quis ser semelhante ao criador. 


O propósito da serpente de convencer o homem que ele seria igual a Deus (Gênesis 3) estabeleceu um sentimento permanente de auto exaltação que tem marcado a história ao longo dos anos.
Os homens (e mulheres) de todas as partes, povos e nações, em todos os tempos, foram atraídos pela ideia de ser maiores que seus semelhantes; julgaram-se quase supremos, independentes de um Deus real e poderoso. Deram glória ao seu próprio nome e estabeleceram leis e procedimentos para que isso se tornasse realidade.


O livro do profeta Daniel é repleto de situações que retratam essas assertivas. Desde o primeiro capítulo, vê-se claramente a disputa entre homens e Deus. Aqueles agindo constantemente para estabelecer a glória de seu nome sobre a terra. Deus, por sua vez, demonstrando seu poder sobre todo o poder humano por meio atos, revelações e pelo testemunho de quatro jovens judeus (Daniel, Asarias, Mizael e Ananias), seus servos fieis.
Desde a estátua do sonho revelador de Nabucodonosor e as visões do próprio Daniel até atos divinos como a libertação dos jovens da fornalha de fogo ou a mão misteriosa que escreveu na parede, Deus refutou qualquer propósito, ação ou ideia da prevalência do poder humano sobre o divino. Em Daniel, o sonho humano de ser igual a Deus é totalmente despedaçado, como na visão de Nabucodonosor, quando uma pedra sem a ajuda de mãos (humanas) esmiúçou a grande estátua, que representava os reinos humanos. Esta pedra se transformou num monte que encheu toda a terra e veio a ser um reino eterno do próprio Deus.


Entretanto, o ponto mais emblemático desse objetivo de Daniel se revela no sonho de Nabucodonosor a respeito da grande árvore. Deus deixou claro na revelação que todo o domínio dado ao rei era obra do próprio Deus (Daniel 4:20-22) e que aquele grande e poderoso homem deveria reconhecer que o reino verdadeiro vinha do céu (4:26). Além disso, ele deveria abandonar seus pecados pela justiça, usando de misericórdia para com os pobres (4:27).
Ocorre que o inarredável sentimento de soberba leva o homem a se esquecer rapidamente da existência de Deus e dos seus propósitos, mesmo em condições totalmente favoráveis de manifestações sobrenaturais, como as encontradas no contexto histórico vivenciado por Nabucodonosor.
Ao cabo de doze meses, o rei, talvez esquecido do seu sonho revelador, viu sua cidade e atribuiu sua beleza e majestade ao seu próprio poder e a sua glória (4:29-30). Diz o texto que o rei ainda falava quando uma voz do céu declarou que o reino de Nabucodonosor havia passado. O homem se transformou numa espécie de animal irracional: perdeu o senso de existência humana, a inteligência; ficou peludo, com unhas grandes, comeu erva do campo e passou a viver como um bicho louco e perdido (4:31-33).
Ao final daqueles dias, conforme profetizado, o rei retomou seu entendimento, levantou os olhos ao céu e bendisse o altíssimo, louvou-o e o glorificou dizendo: “vive para sempre,” aquele “cujo domínio é um domínio sempiterno, e cujo reino é de geração a geração. E todos os moradores da terra são reputados em nada; e, segundo a sua vontade, ela opera com o exército do céu e os moradores da terra; não há quem possa impedir a sua mão e lhe diga: que fazes?” (4:34-35).
Um novo Nabucodonosor retornou ao trono. Depois da dura experiência de ser humilhado dentre os homens, ele disse: “agora eu louvo e exalço e glorifico ao Rei dos céus; porque todas as suas obras são verdades; e os seus caminhos, juízo, e pode humilhar aos que andam na soberba” (4:37).

Oxalá todos os homens vivessem sob esta revelação do rei de Babilônia, um dos maiores que já se estabeleceram na terra. Porém, as expectativas em relação ao homem, pela conhecida trajetória humana até agora, conspiram contra essa lógica. O mais certo é que os homens continuarão a desprezar a Deus, até que o Senhor intervenha na história humana, conforme, inclusive, Daniel profetizou. Resta um consolo para os servos de Deus: ser meio pelo qual os homens reconheçam a Deus como seu Senhor, assim como o foram os quatro jovens judeus.